Relato do William, pai da Beatriz e
esposo da Cândida
“PAI HERÓI”
Nunca imaginei que o
nascimento da Beatriz fosse ser tão mágico, intenso e maravilhoso ao ponto de
poder conversar por horas com as pessoas sobre o nascimento dela.
Sem querer ser pretensioso,
e de forma alguma menosprezar o papel de todas as pessoas envolvidas no parto
inclusive minha esposa, eu me senti um Herói.
Porém como todo Herói
mascarado, sem que ninguém me percebesse atuava em missões que para mim eram o
máximo.
O vilão desta história
era a minha ignorância, o meu desconforto preconceituoso e minha rejeição à um
sonho de minha mulher em ter o parto normal em casa.
Domingo, 21:00
No exato momento em que
minha esposa Cândida passou a sentir as contrações coloquei minha capa e minha
máscara imaginárias e fiquei ali atento e disponível como um cão de guarda.
A MARATONA DA PISCINA
Ao ponto que tudo estava
acontecendo, contrações, inquietações e a procura de uma posição perfeita eu
estava ali, atento, até que em um determinado momento fui convocado a encher a
piscina. Foi sem dúvida uma batalha. Eu deveria ter feito uma simulação para
que tudo fosse mais tranqüilo. Nossa doula Kelly havia nos emprestado um compressor
para encher a piscina e acreditem, me salvou!
Escutem a sua doula, pois ela está a muitos passos a frente de nós e nos
prepara para todos os imprevistos.
Após inflar a piscina que
foi sem dúvida um grande desafio, veio então a outra etapa até então esquecida.
Encher a piscina de água.....quente!!
Mais uma vez, concentrado
em meu mundo, conectei uma mangueira que minha esposa havia comprado, no
chuveiro e lá vai água.....ufa!
Tinha em mente que, na
sala, minha esposa estava querendo arduamente entrar na piscina e a mangueira,
por sua vez, enviava água como um soro, uma quantia simbólica.
Mas bravamente me veio em
mente que tínhamos uma chaleira elétrica de água, e comecei a mandar água para
a piscina aos baldes, em um quarto com pouco espaço, consequentemente os móveis
e o piso foram atingidos.
Minha sogra, a doula e
até mesmo nossos fotógrafos me ajudaram, e por fim, missão cumprida.
FOMOS NOS PREPARANDO PARA
RECEBER A BEATRIZ
Veio então a minha
Candinha, maravilhosa, com aquela barriga que mais parecia uma lua, sentar-se
na água e pude contemplar em sua face um pouco de conforto.
Sentei-me com ela, ora na
piscina, ora na cama, ora na bola de pilates e fomos nos preparando para
receber a Beatriz.
Essa Beatriz, vou falar
uma coisa, deu trabalho! rsss
A cada contração eu
ficava matutando quando tudo iria acabar. Será que está tudo bem com a Cândida
e a Beatriz? O que será que a doula e obstetra estão falando ali no canto?
Vinha em minha mente uma enxurrada de pensamentos positivos e até
questionamentos como modo de defesa, pensando sempre em um plano “B”.
Mas estava chegando ao
fim. Alias, chegando ao começo para a Beatriz.
Percebendo atentamente o
olhar das pessoas envolvidas, percebia que o cansaço estava presente. Minha
esposa, sempre guerreira, também estava cansada, mas, porém convicta de seu objetivo.
Abraçado a minha esposa,
passei a ver com uma emoção jamais vista, alguns sorrisos nos semblantes
daqueles que testemunharam mais uma vida chegando!
NUM SILÊNCIO INFINITO ELA
CHEGA
A Beatriz já estava
sinalizando que faltava apenas mais um pouco para ela querer nascer. Estávamos
todos à sua disposição. Todos com muita calma, paciência, muito carinho e
respeito.
De repente, um silêncio
infinito toma o quarto. Eu estou estrategicamente abraçado à Cândida pelas
costas e sinto sua mão apertar o meu braço, vem então um seu último suspiro ....
e o choro denuncia, a chegada da
Beatriz.....ó meu Deus....chegou a Beatriz!
A Cândida, minha esposa, mesmo
com pouca força abraça a nossa filha que continua nos dizendo...com seu
chorinho doce... “cheguei”.
O PRIMEIRO ABRAÇO
A Obstetra Luanda
respeita aquele momento e todos assistem maravilhados o primeiro e mais
importante abraço daqueles dois seres.
Logos que os ânimos e a
adrenalina se acalmaram, veio em meu colo à missão de cortar o cordão
umbilical. Jamais sonhei em fazer isso, porém nada mais era impossível. Estranho,
porque após ter participado plenamente de um parto fiz com maestria o corte.
O HERÓI CHORA
Neste momento, me afasto
um pouco, vou para a sala da casa e não consigo pensar mais em nada. Parece que
fiquei surdo. Fico assistindo as movimentações no quarto, vendo os primeiros
cuidados à mãe e filha e eu fico lá, intacto. Só a minha mente viajava...
A ficha começa a cair.
Nasceu minha filha...... que
loucura......eu estive lá....Meu Deus!
O Herói então, que não
sente dor, imbatível e que não teme nada em sua vida percebe seus olhos se
encherem de lágrimas e diz, “agora sou Pai”.
William
Pai da Beatriz, esposo da
Cândida
* Fotos extraídas do vídeo por Canção de Amor Filmes
** Vejam o vídeo do nascimento da Beatriz aqui no blog!
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