quinta-feira, 31 de julho de 2014

Relato de parto do Pai William - Nascimento da Beatriz em 25/03/2013

Relato do William, pai da Beatriz e esposo da Cândida

“PAI HERÓI”

Nunca imaginei que o nascimento da Beatriz fosse ser tão mágico, intenso e maravilhoso ao ponto de poder conversar por horas com as pessoas sobre o nascimento dela.
Sem querer ser pretensioso, e de forma alguma menosprezar o papel de todas as pessoas envolvidas no parto inclusive minha esposa, eu me senti um Herói.
Porém como todo Herói mascarado, sem que ninguém me percebesse atuava em missões que para mim eram o máximo.
O vilão desta história era a minha ignorância, o meu desconforto preconceituoso e minha rejeição à um sonho de minha mulher em ter o parto normal em casa.
Domingo, 21:00
No exato momento em que minha esposa Cândida passou a sentir as contrações coloquei minha capa e minha máscara imaginárias e fiquei ali atento e disponível como um cão de guarda.  

A MARATONA DA PISCINA

Ao ponto que tudo estava acontecendo, contrações, inquietações e a procura de uma posição perfeita eu estava ali, atento, até que em um determinado momento fui convocado a encher a piscina. Foi sem dúvida uma batalha. Eu deveria ter feito uma simulação para que tudo fosse mais tranqüilo. Nossa doula Kelly havia nos emprestado um compressor para encher a piscina e acreditem, me salvou!  Escutem a sua doula, pois ela está a muitos passos a frente de nós e nos prepara para todos os imprevistos.
Após inflar a piscina que foi sem dúvida um grande desafio, veio então a outra etapa até então esquecida. Encher a piscina de água.....quente!!
Mais uma vez, concentrado em meu mundo, conectei uma mangueira que minha esposa havia comprado, no chuveiro e lá vai água.....ufa!
Tinha em mente que, na sala, minha esposa estava querendo arduamente entrar na piscina e a mangueira, por sua vez, enviava água como um soro, uma quantia simbólica.
Mas bravamente me veio em mente que tínhamos uma chaleira elétrica de água, e comecei a mandar água para a piscina aos baldes, em um quarto com pouco espaço, consequentemente os móveis e o piso foram atingidos.
Minha sogra, a doula e até mesmo nossos fotógrafos me ajudaram, e por fim, missão cumprida.

FOMOS NOS PREPARANDO PARA RECEBER A BEATRIZ

Veio então a minha Candinha, maravilhosa, com aquela barriga que mais parecia uma lua, sentar-se na água e pude contemplar em sua face um pouco de conforto.
Sentei-me com ela, ora na piscina, ora na cama, ora na bola de pilates e fomos nos preparando para receber a Beatriz.
Essa Beatriz, vou falar uma coisa, deu trabalho! rsss

A cada contração eu ficava matutando quando tudo iria acabar. Será que está tudo bem com a Cândida e a Beatriz? O que será que a doula e obstetra estão falando ali no canto? Vinha em minha mente uma enxurrada de pensamentos positivos e até questionamentos como modo de defesa, pensando sempre em um plano “B”.
Mas estava chegando ao fim. Alias, chegando ao começo para a Beatriz.
Percebendo atentamente o olhar das pessoas envolvidas, percebia que o cansaço estava presente. Minha esposa, sempre guerreira, também estava cansada, mas, porém convicta de seu objetivo.
Abraçado a minha esposa, passei a ver com uma emoção jamais vista, alguns sorrisos nos semblantes daqueles que testemunharam mais uma vida chegando!



NUM SILÊNCIO INFINITO ELA CHEGA

A Beatriz já estava sinalizando que faltava apenas mais um pouco para ela querer nascer. Estávamos todos à sua disposição. Todos com muita calma, paciência, muito carinho e respeito.
De repente, um silêncio infinito toma o quarto. Eu estou estrategicamente abraçado à Cândida pelas costas e sinto sua mão apertar o meu braço, vem então um seu último suspiro .... e o  choro denuncia, a chegada da Beatriz.....ó meu Deus....chegou a Beatriz!
A Cândida, minha esposa, mesmo com pouca força abraça a nossa filha que continua nos dizendo...com seu chorinho doce... “cheguei”.

O PRIMEIRO ABRAÇO

A Obstetra Luanda respeita aquele momento e todos assistem maravilhados o primeiro e mais importante abraço daqueles dois seres.
Logos que os ânimos e a adrenalina se acalmaram, veio em meu colo à missão de cortar o cordão umbilical. Jamais sonhei em fazer isso, porém nada mais era impossível. Estranho, porque após ter participado plenamente de um parto fiz com maestria o corte.

O HERÓI CHORA

Neste momento, me afasto um pouco, vou para a sala da casa e não consigo pensar mais em nada. Parece que fiquei surdo. Fico assistindo as movimentações no quarto, vendo os primeiros cuidados à mãe e filha e eu fico lá, intacto. Só a minha mente viajava...
A ficha começa a cair.

Nasceu minha filha...... que loucura......eu estive lá....Meu Deus!
O Herói então, que não sente dor, imbatível e que não teme nada em sua vida percebe seus olhos se encherem de lágrimas e diz, “agora sou Pai”.

William

Pai da Beatriz, esposo da Cândida


* Fotos extraídas do vídeo por Canção de Amor Filmes
** Vejam o vídeo do nascimento da Beatriz aqui no blog!


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