quinta-feira, 31 de julho de 2014

Parto da Camila - Nascimento do Guilherme em 12/07/2013

Eu vi claramente como uma mulher pode se fortalecer, crescer e florescer com o seu parto. Eu vi um casal trabalhando em plena união, trabalhando juntos. Na contração a voz dele era firme e forte, no intervalo a voz era doce, acolhedor e de admiração. Eu ali no meio, presenciando tamanho amor! Inesquecível! Para sempre em minha memória!

Relato da Camila:

Inspiração, expiração e um grito curto, não de dor, mas pra me dar força. Mais uma vez, inspiração, expiração, e um grito mais baixo, mais longo, e você saindo de mim, de dentro de mim, e meus olhos arregalados, não acreditando que você estava realmente nascendo. E eu te parindo, e vc nascendo. E junto com você, todas as minhas dores, meus medos, minhas mentiras, minha solidão. E seu pai do meu lado. Nos três juntos. Antes, um casal desde sempre tão felizes, mesmo tão separados em São Paulo-Curitiba, Rio-Piracicaba, Santos-Uberlandia, com universidades, vacas e poços de petróleo nos caminhos. Para nós, não era preciso estar perto para estar junto. Mas quando estávamos juntos, de férias, passeando de jipe, barco e pau-de-arara, em Jericoacoara, você veio. Quinze dias depois, fui no centro e lá um dos médiuns me falou que eu tinha voltado diferente das férias e eu, desconfiada, fiz o exame de farmácia e deu positivo, na véspera do aniversário do seu pai, com a minha família toda aqui.

GESTANDO

A gravidez foi tranqüila, sem enjôos e neuras, fomos em algumas reuniões, do BomParto e do Gama, escolhemos a Kelly como doula e a Janete como médica e no finalzinho dela, vieram pra casa sua tia Renata e seu priminho Murilo, sua tia Lolis, que perguntava todos os dias: será que e hoje? e seu pai, de férias, morrendo de medo de não chegar a tempo.

GESTANDO

A gravidez foi tranqüila, sem enjôos e neuras, fomos em algumas reuniões, do BomParto e do Gama, escolhemos a Kelly como doula e a Janete como médica e no finalzinho dela, vieram pra casa sua tia Renata e seu priminho Murilo, sua tia Lolis, que perguntava todos os dias: será que e hoje? e seu pai, de férias, morrendo de medo de não chegar a tempo.

É CHEGADA A HORA DE VOCÊ VIR

Passeávamos, nadávamos e com 39 semanas e 2 dias, no dia 10 de julho, 1:30 da manhã, acordei com as contrações. Tentei dormir de novo e nada, comecei a marcar o tempo, cinco em cinco, vixi! Fui tomar um banho pra ver se elas passavam, como haviam em contado, e nada... Avisamos a Kelly e enquanto ela chegava, fiquei na bola no chuveiro, cantando, rindo, feliz da vida pela aventura que estava começando. E a música? Anunciação. Sem pensar, foi a primeira que me veio na cabeça.
Assim, nossa santa doula chegou quando as contrações estavam um pouco mais intensas, e com sua super bola, massagens e bolsa de água quente, tornou tudo suportável de novo. E então a Renata acordou, e ficamos nos quatro batendo papo e tomando chá, e as contrações cada vez mais intensas.

LONGO TRABALHO DE PARTO À VISTA...

As 7, quando a bola e a bolsa e o chuveiro já não estavam mais aliviando muito, fomos pro consultório da Janete. Chegando lá, só três de dilatação. Como assim? Achei que já ia nascer, rs... Então, a Kelly explica que o resto da dilatação deve ser bem lento, mas podemos dar uma forcinha, indo caminhar no parque do sabiá. O que? Com essas contrações? Então vamos, mas antes dessa loucura, um lanchonete na padaria porque a noite foi difícil, rs... E andamos, e agachei nas contrações, e pendurei no Helton, e conversamos e rimos muito da situação. E fomos pra casa.




As contrações continuavam, mas agora um pouco mais leves, deu até pra dormir um pouco, mesmo acordando de dez em dez. Almoçamos e depois, elas engataram de vez, cada vez mais doloridas e longas. Quando já estava começando a chorar, fomos pra Janete de novo, eu já parecendo um gato no carro, morrendo de medo de não ter dilatado mais. Agora seis, ufa, mas já fomos pro hospital, achando que o processo seria mais rápido. Enquanto o Helton dava a entrada na papelada, eu e a Kelly esperávamos no estacionamento, e a cada contração, que já durava pelo menos um minuto, alguém vinha falar que ia chamar alguém do hospital, e a Kelly docemente explicava: não precisa, ela não está doente, está só em trabalho de parto. Quando entramos, um enfermeiro simpático nos trouxe uma cadeira de rodas e ela, doce, de novo, falou que eu entraria andando. Não existia a possibilidade de eu me sentar com aquelas contrações! O enfermeiro então levou a bola, e fomos pro quarto, ele dizendo que adorava esse tal parto humanizado, que a gente era corajosa demais. E quando seu pai e a Kelly encheram a piscina e nós entramos, que delicia! Era muito mais gostoso ter contração ali. Por volta das 8 a Janete chegou, as contrações de três em três minutos, eu já tinha dado umas voltas nos corredores e sentado no banquinho de parto no chuveiro e ficado na piscina, e agora 8! Eba!

PARA VOCÊ NASCER FOI PRECISO EU PERDER MEU CHÃO

Achamos que o Gui vinha ainda no dia 11. Mas não...
Como já foi dito por alguém que realmente entende do assunto, parir é perder o controle. Não sou uma pessoa controladora, longe disso. Mas para você nascer, foi preciso eu perder meu chão. Primeiro, achei que seria um parto rápido, porque afinal, o da minha irmã gêmea demorou só quatro horas, porque comigo, com os mesmos genes, seria diferente? Depois de mais de 20 horas fazendo tudo, andando, agachando, respirando, e até vocalizando, porque você não vinha? sozinha no chuveiro, fiz até uma promessa, pra mim muito difícil, daquelas que a gente faz quase cruzando os dedos: Guilherme, vem, juro que eu vou sair desse emprego que está nos fazendo tão mal. Eu não vou trabalhar mais lá, vou cuidar de você. Mas acredita que nem assim você se apressou? As 2:30 da manhã, a Janete fez um novo exame de toque e nada, de novo estávamos com 8.

PARTOLÂNDIA QUE TE QUERO!

Na hora do exame a bolsa se rompeu, e ela perguntou pro seu pai se ele queria sentir como você estava pertinho, e deixou ele te tocar também, ele ficou todo emocionado, e foi então que a nossa partolândia começou. Depois que a bolsa se rompeu, as contrações estavam ainda mais doloridas. E com mais de um dia de trabalho de parto, minhas forças estavam acabando. já não conseguia mais andar pelos corredores, só ficar na piscina. Nessa hora, a Janete já tinha chamado a Kelly e dito que ia esperar mais duas horas e se eu não dilatasse mais, iria entrar como soro com ocitocina, mas a Kelly não contou nada, só falou que ia dar uma descansada no sofá, porque ela tinha atendido outro parto no dia anterior, e estava sem dormir tinha mais de um dia. Comecei a pensar o que eu poderia fazer pra ir para uma cesárea e acabar com a dor, mas ao mesmo tempo não tinha coragem de pedir anestesia porque pensava: se eu quis esse parto, tenho que aguentar. E junto pensava: que loucura, estou tendo um parto igual as mulheres de muito antigamente das novelas, com sangue e gritos na cama. Eu já estava certa de que não ia dar mais certo. Sozinha com seu pai, comecei a chorar. Chorar de dor, de angústia, de tristeza porque eu fiz tudo, mas você não nascia. Desisti. Não aguentava mais.

E ENTÃO SEU PAI ME ABRAÇOU E ME FORTALECEU

E então ele foi me abraçando, conversando comigo, dizendo o quanto estava orgulhoso de mim, da minha força, e falou que sabia que eu tinha feito o máximo que podia, mas que pra você nascer, a gente precisava fazer mais força ainda, por mais que parecesse impossível. Você ainda não sabia, mas seu pai não é uma pessoa que desiste fácil. Na verdade, ele não desiste de nada, quanto mais de te ver nascer de um jeito tão bonito, tão sonhado por ele também, desde que ele leu o livro Parto com Amor, o único que pedi pra ele ler, pra entender.

MENSAGEM DA ANA FLÁVIA

Lembrei que mais cedo ele tinha me falado que a Ana, nossa melhor amiga em Uberlândia, tinha enviado uma mensagem linda, e então pedi pra ele ler pra mim. Quem conhece a Ana e sabe dos seus poderes e não vai estranhar, mas a mensagem me deu uma força enorme na hora em que mais precisávamos, era essa: 


E então ele sentou numa cadeira beirando a piscina, se inclinou todo e falou que eu podia me apoiar toda nele nas contrações, para aguentar a dor. Na contração seguinte, comecei a chorar, era muito forte. Então tive a ideia de começar a rezar, e pedi pra ele rezar comigo. Eu começava o pai nosso, e ele terminava. E entre uma oração e uma contração, eu te pedia pra vir. E quanto mais a gente rezava, mais contrações vinham, mais longas e quase emendadas umas nas outras. Havia muito tempo que seu pai não se dedicava mais a esse mundo de Deus, e acredito que foi preciso passarmos por esse aperto para acreditar que não estávamos sozinhos ali. No meio de tudo isso, a Kelly acordou, tirou uma foto nossa, e ficou quietinha no sofá assistindo a gente, finalmente, se entregando. 



QUASE COROANDO

Foi quando comecei a sentir uma dor diferente nas contrações, agora na barriga ao invés de nas costas. Coloquei meus dedos e lá estava sua cabeça, pertinho de coroar. Pedi pra Kelly chamar a Janete, que chegou rapidinho, e pediu pra eu deitar na cama. Falei pra ela que não precisava. Fui na borda da piscina mesmo, peguei a mão dela, coloquei e falei: Olha, ele já ta aqui. Ela então pediu pra chamarmos correndo a pediatra, e perguntou se eu queria ter ele na piscina, falei que não, queria que me trouxessem o banquinho de parto, porque nele eu conseguia fazer mais força. E então a elas começaram a forrar o chão com os panos, lembro de ter pensado que não precisava daquela pressa toda, porque o expulsivo só estava começando. Mas então sentei no banco, e então, com seu pai do meu lado, maravilhado, a Kelly nos filmando, te sinto saindo, vou apoiando sua cabeça na minha mão, a Janete dizendo: pode pegar, ele é seu, e eu nem escuto, porque só consigo te pegar no colo, te por pra mamar e dizer: Ah, como ele e lindo! 


E seu pai, que morre de medo de injeção, quase chorou quando te viu, e um tempinho depois, quase desmaiou quando cortou o cordão umbilical. E você ficou então calminho, parecendo que rindo pra nós.


Então ligamos para a Renata e a Helo, que estavam em casa, e tinham assistido cinco filmes seguidos desde que tínhamos ido para o hospital, para diminuir a ansiedade. O pessoal de São Paulo já tinha descoberto que estávamos no hospital, e cedinho chegaram pra conhecer você e nós, que agora éramos outras pessoas depois de você. No dia 13, um diazinho depois de você chegar, estávamos indo embora do hospital, e corri e tirei uma foto do corredor do hospital, aquele em que fiquei horas e horas contraindo e andando e agachando, pra me lembrar que aquela Camila tinha ficado ali, e agora eu era a Camila mãe do Gui. Dois dias depois, chamamos a Kelly em casa, e escrevi esse cartão, que acredito traduzir a experiência que foi para nós o seu nascimento: 





Gui, Um parto com tanto amor foi só o começo da aventura de sermos seus pais. Mas iniciou várias mudanças em nós. Mas isso já e um assunto de outro livro...
Quando você nasceu, a primeira coisa que falei foi: aí, Como é lindo! E a segunda foi: nossa, valeu cada contração. E como valeu. 
Camila

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