Eu vi claramente como uma
mulher pode se fortalecer, crescer e florescer com o seu parto. Eu vi um casal
trabalhando em plena união, trabalhando juntos. Na contração a voz dele era
firme e forte, no intervalo a voz era doce, acolhedor e de admiração. Eu ali no
meio, presenciando tamanho amor! Inesquecível! Para sempre em minha memória!
Relato da Camila:
Inspiração, expiração e um
grito curto, não de dor, mas pra me dar força. Mais uma vez, inspiração,
expiração, e um grito mais baixo, mais longo, e você saindo de mim, de dentro
de mim, e meus olhos arregalados, não acreditando que você estava realmente
nascendo. E eu te parindo, e vc nascendo. E junto com você, todas as minhas
dores, meus medos, minhas mentiras, minha solidão. E seu pai do meu lado. Nos
três juntos. Antes, um casal desde sempre tão felizes, mesmo tão separados em
São Paulo-Curitiba, Rio-Piracicaba, Santos-Uberlandia, com universidades, vacas
e poços de petróleo nos caminhos. Para nós, não era preciso estar perto para
estar junto. Mas quando estávamos juntos, de férias, passeando de jipe, barco e
pau-de-arara, em Jericoacoara, você veio. Quinze dias depois, fui no centro e
lá um dos médiuns me falou que eu tinha voltado diferente das férias e eu,
desconfiada, fiz o exame de farmácia e deu positivo, na véspera do aniversário
do seu pai, com a minha família toda aqui.
GESTANDO
A gravidez foi tranqüila,
sem enjôos e neuras, fomos em algumas reuniões, do BomParto e do Gama,
escolhemos a Kelly como doula e a Janete como médica e no finalzinho dela,
vieram pra casa sua tia Renata e seu priminho Murilo, sua tia Lolis, que
perguntava todos os dias: será que e hoje? e seu pai, de férias, morrendo de
medo de não chegar a tempo.
GESTANDO
A gravidez foi tranqüila,
sem enjôos e neuras, fomos em algumas reuniões, do BomParto e do Gama,
escolhemos a Kelly como doula e a Janete como médica e no finalzinho dela,
vieram pra casa sua tia Renata e seu priminho Murilo, sua tia Lolis, que
perguntava todos os dias: será que e hoje? e seu pai, de férias, morrendo de
medo de não chegar a tempo.
É CHEGADA A HORA DE VOCÊ
VIR
Passeávamos, nadávamos e
com 39 semanas e 2 dias, no dia 10 de julho, 1:30 da manhã, acordei com as
contrações. Tentei dormir de novo e nada, comecei a marcar o tempo, cinco em
cinco, vixi! Fui tomar um banho pra ver se elas passavam, como haviam em
contado, e nada... Avisamos a Kelly e enquanto ela chegava, fiquei na bola no
chuveiro, cantando, rindo, feliz da vida pela aventura que estava começando. E
a música? Anunciação. Sem pensar, foi a primeira que me veio na cabeça.
Assim, nossa santa doula chegou quando as contrações estavam um pouco mais intensas, e com sua super bola, massagens e bolsa de água quente, tornou tudo suportável de novo. E então a Renata acordou, e ficamos nos quatro batendo papo e tomando chá, e as contrações cada vez mais intensas.
Assim, nossa santa doula chegou quando as contrações estavam um pouco mais intensas, e com sua super bola, massagens e bolsa de água quente, tornou tudo suportável de novo. E então a Renata acordou, e ficamos nos quatro batendo papo e tomando chá, e as contrações cada vez mais intensas.
LONGO TRABALHO DE PARTO À
VISTA...
As
7, quando a bola e a bolsa e o chuveiro já não estavam mais aliviando muito,
fomos pro consultório da Janete. Chegando lá, só três de dilatação. Como assim?
Achei que já ia nascer, rs... Então, a Kelly explica que o resto da dilatação deve
ser bem lento, mas podemos dar uma forcinha, indo caminhar no parque do sabiá.
O que? Com essas contrações? Então vamos, mas antes dessa loucura, um
lanchonete na padaria porque a noite foi difícil, rs... E andamos, e agachei
nas contrações, e pendurei no Helton, e conversamos e rimos muito da situação.
E fomos pra casa.
As contrações continuavam,
mas agora um pouco mais leves, deu até pra dormir um pouco, mesmo acordando de
dez em dez. Almoçamos e depois, elas engataram de vez, cada vez mais doloridas
e longas. Quando já estava começando a chorar, fomos pra Janete de novo, eu já
parecendo um gato no carro, morrendo de medo de não ter dilatado mais. Agora
seis, ufa, mas já fomos pro hospital, achando que o processo seria mais rápido.
Enquanto o Helton dava a entrada na papelada, eu e a Kelly esperávamos no
estacionamento, e a cada contração, que já durava pelo menos um minuto, alguém
vinha falar que ia chamar alguém do hospital, e a Kelly docemente explicava:
não precisa, ela não está doente, está só em trabalho de parto. Quando
entramos, um enfermeiro simpático nos trouxe uma cadeira de rodas e ela, doce,
de novo, falou que eu entraria andando. Não existia a possibilidade de eu me
sentar com aquelas contrações! O enfermeiro então levou a bola, e fomos pro
quarto, ele dizendo que adorava esse tal parto humanizado, que a gente era
corajosa demais. E quando seu pai e a Kelly encheram a piscina e nós entramos,
que delicia! Era muito mais gostoso ter contração ali. Por volta das 8 a Janete
chegou, as contrações de três em três minutos, eu já tinha dado umas voltas nos
corredores e sentado no banquinho de parto no chuveiro e ficado na piscina, e
agora 8! Eba!
PARA VOCÊ NASCER FOI
PRECISO EU PERDER MEU CHÃO
Achamos que o Gui vinha
ainda no dia 11. Mas não...
Como já foi dito por alguém
que realmente entende do assunto, parir é perder o controle. Não sou uma pessoa
controladora, longe disso. Mas para você nascer, foi preciso eu perder meu
chão. Primeiro, achei que seria um parto rápido, porque afinal, o da minha irmã
gêmea demorou só quatro horas, porque comigo, com os mesmos genes, seria
diferente? Depois de mais de 20 horas fazendo tudo, andando, agachando,
respirando, e até vocalizando, porque você não vinha? sozinha no chuveiro, fiz
até uma promessa, pra mim muito difícil, daquelas que a gente faz quase cruzando
os dedos: Guilherme, vem, juro que eu vou sair desse emprego que está nos
fazendo tão mal. Eu não vou trabalhar mais lá, vou cuidar de você. Mas acredita
que nem assim você se apressou? As 2:30 da manhã, a Janete fez um novo exame de
toque e nada, de novo estávamos com 8.
PARTOLÂNDIA QUE TE QUERO!
Na hora do exame a bolsa se
rompeu, e ela perguntou pro seu pai se ele queria sentir como você estava
pertinho, e deixou ele te tocar também, ele ficou todo emocionado, e foi então
que a nossa partolândia começou. Depois que a bolsa se rompeu, as contrações
estavam ainda mais doloridas. E com mais de um dia de trabalho de parto, minhas
forças estavam acabando. já não conseguia mais andar pelos corredores, só ficar
na piscina. Nessa hora, a Janete já tinha chamado a Kelly e dito que ia esperar
mais duas horas e se eu não dilatasse mais, iria entrar como soro com
ocitocina, mas a Kelly não contou nada, só falou que ia dar uma descansada no
sofá, porque ela tinha atendido outro parto no dia anterior, e estava sem
dormir tinha mais de um dia. Comecei a pensar o que eu poderia fazer pra ir
para uma cesárea e acabar com a dor, mas ao mesmo tempo não tinha coragem de
pedir anestesia porque pensava: se eu quis esse parto, tenho que aguentar. E
junto pensava: que loucura, estou tendo um parto igual as mulheres de muito
antigamente das novelas, com sangue e gritos na cama. Eu já estava certa de que
não ia dar mais certo. Sozinha com seu pai, comecei a chorar. Chorar de dor, de
angústia, de tristeza porque eu fiz tudo, mas você não nascia. Desisti. Não aguentava
mais.
E ENTÃO SEU PAI ME ABRAÇOU
E ME FORTALECEU
E então ele foi me
abraçando, conversando comigo, dizendo o quanto estava orgulhoso de mim, da
minha força, e falou que sabia que eu tinha feito o máximo que podia, mas que
pra você nascer, a gente precisava fazer mais força ainda, por mais que
parecesse impossível. Você ainda não sabia, mas seu pai não é uma pessoa que
desiste fácil. Na verdade, ele não desiste de nada, quanto mais de te ver
nascer de um jeito tão bonito, tão sonhado por ele também, desde que ele leu o
livro Parto com Amor, o único que pedi pra ele ler, pra entender.
MENSAGEM DA ANA FLÁVIA
E então ele sentou numa cadeira beirando a piscina, se
inclinou todo e falou que eu podia me apoiar toda nele nas contrações, para aguentar
a dor. Na contração seguinte, comecei a chorar, era muito forte. Então tive a ideia
de começar a rezar, e pedi pra ele rezar comigo. Eu começava o pai nosso, e ele
terminava. E entre uma oração e uma contração, eu te pedia pra vir. E quanto
mais a gente rezava, mais contrações vinham, mais longas e quase emendadas umas
nas outras. Havia muito tempo que seu pai não se dedicava mais a esse mundo de
Deus, e acredito que foi preciso passarmos por esse aperto para acreditar que
não estávamos sozinhos ali. No meio de tudo isso, a Kelly acordou, tirou uma
foto nossa, e ficou quietinha no sofá assistindo a gente, finalmente, se entregando.
QUASE COROANDO
E seu pai, que morre de medo de injeção, quase chorou
quando te viu, e um tempinho depois, quase desmaiou quando cortou o cordão
umbilical. E você ficou então calminho, parecendo que rindo pra nós.
Então ligamos para a Renata e a Helo, que estavam em
casa, e tinham assistido cinco filmes seguidos desde que tínhamos ido para o
hospital, para diminuir a ansiedade. O pessoal de São Paulo já tinha descoberto
que estávamos no hospital, e cedinho chegaram pra conhecer você e nós, que
agora éramos outras pessoas depois de você. No dia 13, um diazinho depois de
você chegar, estávamos indo embora do hospital, e corri e tirei uma foto do
corredor do hospital, aquele em que fiquei horas e horas contraindo e andando e
agachando, pra me lembrar que aquela Camila tinha ficado ali, e agora eu era a
Camila mãe do Gui. Dois dias depois, chamamos a Kelly em casa, e escrevi esse
cartão, que acredito traduzir a experiência que foi para nós o seu nascimento:
Gui, Um parto com tanto
amor foi só o começo da aventura de sermos seus pais. Mas iniciou várias
mudanças em nós. Mas isso já e um assunto de outro livro...
Quando você nasceu, a primeira coisa que falei foi: aí, Como é lindo! E a segunda foi: nossa, valeu cada contração. E como valeu.
Quando você nasceu, a primeira coisa que falei foi: aí, Como é lindo! E a segunda foi: nossa, valeu cada contração. E como valeu.
Camila
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