Presente
da doula Ana Paula, que estava viajando e me pediu para acompanhar a Juliana
caso ela entrasse em trabalho de parto antes dela voltar. Lá fui eu, saindo de
outro parto lindo no hospital, chega a Ju no quarto ao lado, eu chego toda
feliz como quem acabe de ver alguém nascer, e encontro Juliana em plena conexão
com o Gilson, e com o seu corpo. Uau! Que cena linda ao entrar no quarto, que
clima de partaço! E não deu outra... Ao nascer Kauê foi presenteado pela mãe.
Vejam aí!
Relato
da Juliana:
Parto
do Kauê
Gravidez/parto/vida
regressa-presente-futura!
Acredito,
pela minha experiência e pelos relatos que li e ouvi ao longo da minha vida,
que o parto ou como se deixa vir à luz um filho é um trajeto que reflete o modo
de vida, o modo de pensar o mundo, o modo de encarar as relações enfim, o modo
como se sente o mundo. O parto condensa tudo isso, aglutina nosso ser-seres e
toda a multidão que nos habita para que daí nasça uma mãe.
O Kauê, como maior parte dos
acontecimentos significativos da minha vida, veio sem um planejamento fechado,
veio num sopro de vontade e desejo que passam como uma brisa mas que de tão
verdadeiro se materializa. Estávamos no Rio de Janeiro porque fui dançar lá em
Março de 2013, logo após ter me exonerado de um cargo público e concursado em
Belo Horizonte para me arriscar a abrir um “negócio” autônomo na nossa casa:
essa seria nossa residência enquanto uma Kasa de acontecimentos culturais
ligados às Artes em Encontros e “aulas” nestes campos de conhecimentos e em
Humanidades. No dia em que voltaríamos do Rio pra BH o carro quebrou.
Resolvemos aproveitar o dia na praia enquanto o carro ficava na oficina o que
adiou nossa volta para o outro dia. Olhando o mar, conversávamos sobre a vida,
sobre desejos, sonhos, projetos (já que agora tinha abandonado o emprego) e
comentamos sobre ter um filho em um futuro breve como no próximo ano ou no
outro impulsionado pela nossa ideia de trabalho, casa, liberdade.
Bom,
daí, depois de um mês descobrimos que estávamos grávidos mesmo não tendo
tentado ou estado com foco nisso, foi de fato uma surpresa das mais
encantadoras que tivemos e que enfim, já começou a mudar nossa vida
“acelerando” nossa volta pra Uberlândia pois já não estávamos suportando viver
em BH.
Descrevi
esse fato pois minha vida flui muito por esse modo, riscos e entregas, me lanço
em algo aparentemente desconhecido, arriscado mas cheio de desejo, amor e fé e
logo as coisas se ajeitam sem muito esforço ou planejamento rígido. Então a
chegada do Kauê tanto na nossa barriga quanto no mundo é um reflexo deste meu
modo de viver, de arriscar, de desejar o desconhecido, o imponderado, o
imprevisível.
Gestando e mudando ou
mu-dançando
Fizemos o primeiro trimestre do
pré-natal em BH no Hospital Público Sofia Feldman pois lá é o único hospital do
SUS do Brasil que encampa o pensamento e a prática do parto humanizado, tendo
uma Casa de Parto e acolhida ao lado do Hospital. Fomos acompanhados por uma
enfermeira obstetra muito competente. Ao voltar pra Uberlândia fomos pra Dra.
Silvia que era minha ginecologista e sabia que ela estava envolvida com a causa
do Parto Humanizado e sua abordagem de vida.
Minha
gravidez foi muito tranquila, sem nenhum percalço só de ventos anunciando e proclamando
mudanças em ventanias para cuja as forças nos colocamos à disposição para mais
potência de vida: mudança de cidade, depois dentro da cidade, em um mês,
mudança de casa, mudança de trabalho (os dois, pedimos demissão) e de natureza
de trabalho (fixo-concursado para instável-autônomo).
Sim,
as mudanças causaram-nos certa instabilidade mas nada que não tivéssemos
consciência e que por isso, selava nossa conduta de amor, de entrega e de fé,
acima de tudo. Muita meditação, música, silêncios, longas conversas a dois, eu
e Gilson, sobre o mundo, a vida, os desejos, a crença, o cultivo e de como o
Kauê foi impulsionador deste processo todo alinhavado por amor, alegria e
serenidade. Uma vida à três faria ainda maior o terreno de cultivo dessa
existência que nos propomos.
Tivemos
uma gravidez tranquila sem nenhuma intercorrência. Tivemos o prazer e a sorte
de ao retornarmos à Uberlândia, encontrarmos um grupo esplêndido chamado Bom
Parto que duas vezes por mês se reúne em um local público e gratuito da cidade a
fim de esclarecer questões acerca do Parto e encorajar famílias a encarar o
Parto Humanizado ou Ativo que é o que prefiro adotar. Este grupo foi de muita
relevância em nossa vida de casal, pais e cidadãos que desejam cuidar de um
assunto tão valioso para a vida social de um país como o do Parto e o que isso
implica em termos de pensar a vida, o mundo e o laço social. Tenho plena
gratidão por ter feito parte do Bom Parto, um lugar de afeto e carinho com com
gesta vidas...
Bom,
o Kauê se encontrava viradinho, sentado como Buda desde sempre. Chegada a 33a.
Semana fomos na Dra. Luanda e ela nos alertou quanto à questões relacionadas a
um bebê pélvico e suas implicações. Nos mostrou um vídeo de um parto pélvico
dentro d'água que confesso ter ficado impressionada pelo fato de que não se
pode tocar nem intervir no bebê e a depender das contrações o bebê poderia
ficar com o corpo pra fora e cabeçinha pra dentro durante vários minutos o que
demanda da mãe muita tranquilidade e paciência. Me vi despreparada para tal situação
e por conseguinte, não me via fazendo um parto pélvico naquele momento
principalmente porque era meu primeiro filho e não havia dentre as médicas uma
que já tivesse feito um parto pélvico. Desse modo, nos restava as duas
alternativas: fazer exercícios, posturas e deslocamentos para uma virada
“espontânea” do Kauê; fazermos uma Versão Cefálica Externa, prática já habitual
entre as médicas Luanda e Silvia ou esperar o Kauê virar até na última hora e
ficar à mercê de uma cesárea.
Fiquei
duas semanas fazendo os exercícios: ficando em posturas invertidas durante
20min de duas em duas horas; engatinhando pela casa de duas a três vezes por
dia; nadando de vez em quando, andando e pulando na água. Passei por momentos
de obstinação, determinação, foco, desfoco, relaxamento e ao fim destas semanas
quando senti que ele não tinha virado fui baixando minha expectativa e
entregando, me retirando um pouco do controle já que havia feito tudo na crença
de que a melhor opção é a que o real apresenta mesmo às vezes sendo-nos adversa
e desconfortável, cria inevitavelmente no desconhecido e no imponderável
naquilo que não controlamos. Passei sim por fases de angústia e ansiedade ao
longo destas semanas pois me deparei de frente com medos memoráveis, angústias
que herdei psiquicamente de minha família, meus ancestrais. E por isso mesmo
desejei mais do que nunca o parto ativo para que eu me colocasse frente a tudo
isso e me posicionasse dialogando, acolhendo e incluindo todos estes medos,
sombras e incômodos que até então como filha não havia conseguido superar. E um
encontro com a doula Ana Paula que foi-nos tão generosa e doce em sua jornada
de três encontros que tivemos um dos textos que li havia uma frase na qual
ancorei minha mente e meu coração que dizia: “Para nascer um mãe há que deixar
morrer uma filha.” Isso fez um sentido incrível pra mim naquele momento e tomei
essas palavras como meu corpo e meu espírito deixando vir à tona tudo que
levasse a desconstruir minha identidade de filha. E uma das coisas foi
conversar muito com meu companheiro Gilson que estuda e vive a psicanálise e
sabe com muito primor e cuidado, levar alguém à berlinda ao desnudar nosso
discurso e colocando-nos de frente com os medos, fantasmas e sombras de nossa
existência e relação com o passado e todas as marcas à que nos sujeitamos.
Nessas semanas me afastei dos meus pais, principalmente de minha mãe que apesar
de amar e admirar, representava pra mim naquele momento um lugar de insegurança
onde sobressaia a palavra “perigo, tragédia, medo” e é claro que ela não
emanava isso por mal mas porque carregava essa energia de nossa história
familiar, provavelmente de minha avó e seus ancestrais. E por isso eu precisava
naquele momento “matar” meu devir-filha pra que abrisse um espaço largo e
vazio, profundo e claro para a mãe que iria nascer em mim junto com a chegada
do Kauê. Chegada a 37a. semana em que confirmamos que o Kauê continuava
sentado, saí da consulta bem triste e chorosa pois a Silvia, médica e muito
sábia, me colocou questões acerca do que seria “estar sentado” no ponto de
vista de ser um reflexo de algo da mãe. E de fato, antes da última consulta
para decidir a Versão refleti sobre o “estar sentado” e o quanto eu estava
implicada nisso: enquanto engatinhava pela casa e nadava veio-me no pensamento
que sentia que durante a gravidez, eu que sou uma bailarina que trabalha com
movimento por conta das mudanças de cidade e casa, fiquei muito sentada, e
também um pouco passiva demais e que gostaria de ter dançado e mexido mais com
meu pequeno na barriga. A partir deste dia, colocava músicas na sala em alto
volume e dançava com ele e cantava na esperança de que ele virasse...
Nas
longas conversas que Gilson e eu tivemos, chegamos à uma conclusão que muitas
vezes vai de encontro ou vai contra algumas visões acerca do parto e da
condição e relação mãe-bebê que algumas pessoas têm, inclusive do Grupo Bom
Parto: a questão a que chegamos concerne à responsabilidade que se coloca
muitas vezes na criança enquanto um ser que já faz escolhas e que transparece em
frases como:
– O bebê é que sabe quando vai
nascer e como...
– O bebê é que sabe que dia ele
estará pronto...
Na
verdade, acredito que o bebê possui sim um entendimento porque “conversa” com a
mãe por vias instintivas, via corpo, via sentidos e outras espécies de
comunicação. Mas o que ficou claro pra nós, de acordo com nossa história e
experiência, é que nada acontece sem o consentimento ou vontade da mãe mesmo
que a mãe não tenha consciência dessa vontade...quem escolhe o dia do
nascimento é a mãe, pautada pela conversa que ela faz dia a dia com o bebê e
detecta o dia que ele está pronto e sabe o que ele quer e se lança, mesmo não
estando consciente, àquilo que ela, mãe, sabe que é o melhor pra ela e por
conseguinte pro bebê. Constatamos que o bebê não é um ser autônomo que escolhe
tudo, e sim ele indica, envia e recebe sinais à mãe e juntos percebem a hora
certa (embora não seja consciente pra mãe) e assim, todo o resto é a mãe quem
faz, é a mãe quem dá a luz, é a mãe que cria um período “expulsivo”, é ação dela,
nossa, somos nós quem “expulsamos” ou fazemos com que o bebê saia de nós para
ser do mundo. Isso é parto ativo! E é isso que lemos nas abordagens também do
livro Parto Ativo que é uma ação plena da mãe e que não significa uma ação
pautada em controle, em planejamento rígido mas sim em uma ação que exige
entrega, crença em si, crença no outro (tanto no bebê, quanto na natureza, Deus
e qual nome mais for necessário) e principalmente no desejo de levar às últimas
consequências nosso próprio e caro desejo de ser mãe.
Bom,
aí estava um desafio pra mim; em que medida seria minha ação, uma intervenção
ao curso natural e espontâneo de nosso bebê? O que seria melhor: deixá-lo como
está? Ou pensar que devemos virá-lo já que este seria o modo mais suave e
tranquilo dele vir ao mundo? Deixar correr por si ou agir mais diretamente?
Verter – versão - me virar de cabeça pra baixo!
Marcamos
a Versão e junto com ela escrevi, ouvi canções e mergulhei num imaginário ao
qual gostaria que fosse nosso pano de fundo para a Versão de nosso pequeno,
mentalizava uma paisagem no mar com rochedos, ondas e o sol no horizonte; era
esse nosso lugar. Disse isso à Ana Doula e ela no momento da Versão me lembrava
do happy place! E tudo isso minha companheira fiel e amorosa foi minha respiração:
Zazen! Minha prática espiritual há 7 anos, respirar, respirar,
pensamentos-nuvem, emoções-rio...deixar vir, deixar ir e centrar na respiração,
inspirar e expirar até que isso vire uma coisa só e eu me torne uma com aquilo
que faço: equanimidade, impermanência, vacuidade, tranquilidade (pela fé no
Caminho e no Dharma), alegria (por estar viva e com seu pai e com você, Kauê;
pela imagem na praia, pelas canções que internalizei) concentração (na
respiração e nas imagens-canções), perseverança (pela crença no Caminho),
atenção plena (na respiração) e investigação dos fenômenos (auto-conhecimento e
enfrentamentos de meu próprio ser que realizei nesta etapa) e daí os 7 fatores
do despertar com você, Kauê... Que beleza! E você, Kauê, na segunda tentativa virou
de cabeça pra baixo como combinamos! Em 20 min correu a Versão em plena paz e
tranquilidade e com um leve friozinho na barriga que considero natural também.
Passada
a versão, com plena gratidão por tudo ter saído como desejamos e de modo suave,
preparei uma apresentação de dança com uma das minhas melhores amigas que
também estava grávida com dois meses a menos que eu. Dançamos, respiramos e
cantamos juntas, apresentando em um teatro da cidade, com casa cheia (100
lugares) numa celebração de vidas e de histórias e uma noite que celebrava os
20 anos daquela casa-teatro da cidade (chamado Palco de Arte que é um útero de
produção e geração de cultura e resistência na cidade de Uberlândia e ao qual
reverencio e me orgulho de fazer parte, ora como bailarina, professora e aluna
por tanto tempo) o qual é gerido e gestado por minha amiga-fada-mestre Fernanda
Bevilaqua que nos abriu espaço naquela noite para compartilharmos nossa dança à
4 corpos ou melhor à 6: “2, 4, 6” foi o nome de nossa dança (mães, bebês e papais)
que se mexiam no corpo e na alma de nós duas naquele instante de amor e entrega
em um palco junto com a energia de todos que lá estavam.
Gente,
conto tudo isso porque acredito plenamente que o Parto não é só aquele instante
que começa nas contrações mas é resultante de um processo, de uma gestação e
por isso meu relato se apoia mais no que veio antes do que no parto
propriamente dito...a criança está a nascer em todo gesto, crença, respiração e
ação dos pais e isso se refletirá na hora do nascimento. O parto é uma síntese
que aglutina de sentidos e símbolos todo o processo de abordagem da gravidez,
da gestação e de toda uma vida dos pais juntos e antes de se conhecerem.
O lugar do nosso parto
Kauê,
meu ipê florido, meu rio caudaloso que corre pro Mar:
O
lugar do nosso parto é um lugar de imensidão, de serenidade, de força e
especialmente
de
belezas das tantas dimensões que a Terra - nosso planeta abundante em vidas, e
que o Universo, em sua infinitude de Vazio - nos presenteiam em amor e
ternura...
transbordantes
de um para o outro, de mim pra ti, de ti pra mim...
O
lugar do nosso parto e da nossa luz é simples, claro, belo; de cores pastéis,
dourado, azul e rosas claro.
O sol
de Toscana no campo verde.
Nosso
lugar é na praia, na luz dourada da areia que reflete o sol da manhã ou da
tarde, enrosado e refletido de azul pérola em nosso entorno;
sobre
filetes macios de água das ondas: em espuma, nos fazemos luz!
Nascemos:
eu, sua mãe plena e você, meu filho pleno, de maneira harmoniosa com a Terra,
com o Infinito azul através do nosso amor.
Dentro
de uma foz, em meio às águas do mar, de um lado, com o sal que lhes é peculiar
e que nos purifica e do outro lado, as águas doces que nos embalam e nos unem,
iremos juntos fazer brotar a vida de um jeito manso, forte, florescente e
proliferante de vidas e bênçãos do divino da terra, do fogo, da água e do ar.
Kauê,
meu brotinho de jasmim de ternura e bem-querer da mamãe,
Te
espero, em seu tempo, em sua harmonia para poder
regermos junto os sons, as forças, as cores, os ares em fluxos de energias
iluminadas que envolvem e nos envolverão no instante de tempo-parto-vida
dilatado em luz, amor e sabedoria em nossa pele e no ar que respiramos.
Kauê,
meu amorino, meu raio de sol nascente,
você me faz nova mulher, leva embora a filha muitas vezes,
insegura e
traz à tona, emergente, vinda da lava, do lago, da terra e das
águas doces, a mãe;
dançante, vibrante, poderosa, harmoniosa e contagiante de
sorrisos, chão firme e gestos delicados
que já sou!
Passar
por um parto ativo é lidar com a beleza de uma vida completamente nova que
brota em mim fecundada dentro de um amor intenso e puro, no mar, em Portugal,
na minha solidão repleta de intimidade com o mundo com as pessoas e com as
belezas que abastecem a vida diária quando se pratica e se tem no Dharma nosso
filtro de perceber o mundo, a vida, as coisas. Minha metadinha do Kauê foi
gerado também em Portugal, em Lisboa, nas preces em Atibaia, no banho de chá
que dei em Buda na festa do Japão, nos origamis de lótus que aprendi em SP, nos
Zazens em Bragança, no Rio de Janeiro, nos meus retiros, tanto na vida
acadêmica e solitária que vivi em Campinas, quanto em retiros propriamente
ditos, um em Pedra Bela e o outro em Viamão, no Rio Grande do Sul...no tempo da
minha varanda/cobertura no apartamento que morei em 2011, sozinha, feliz,
independente forte em cada prato
cozinhado com amor, em cada canto decorado e pensado no Vazio, no arranjo de flor
do Zazenkai em Campinas...quanta beleza o Kauê carrega, quanto amor e crença na
vida, no Dharma, em mim esse pequeno se gera, se nutre e se alimenta...! e tudo
isso ao encontro do Gilson, meu amor de amorosidade similar e distinta que me
acompanha e me nutre de vida...e que foi capaz de se deixar levar pelo amor
mesmo em uma situação aparentemente adversa para engravidarmos sem
planejamento. agenda natal-reveillon-Parto -contrações marta graham -
desassistido
Quero
encarar meus medos de frente, os medos que aprendi pela carga psíquica de minha
família e meus antecedentes: medo da
tragédia, de ser aplacada por um mal, por uma doença incurável, por um filho
deficiente, e que esconde um medo por ter um Karma ruim o qual foi gerado por
uma culpa, uma culpa no passado...quero encarar estes pensamentos de frente e
enfrentá-los na respiração do Dharma, na força da luz fornecida por Budas e
Bodisatvas que me envolvem a todo tempo e que sei que é possível sentí-los
quando canto, quando danço, quando medito, quando respiro na energia acolhedora
da atenção plena, junto com todos os seres do Zen e de Buda_/\_ e acima de tudo
sei e sinto que com o Kauê dentro de mim minha força e luz se redobram pois é
nele que toda minha crença e amor de toda minha vida agora repousa.
Ter
um parto ativo é saber o quanto isso poderá ser um momento de beleza, força,
segurança, recompensador e livre para mim e para o Kauê e que assegura o Kauê
em seu momento de vinda e de mudança de colo (útero para meu colo, meu peito,
meu calor daqui de fora).
Ter
um parto é aceitar meus medos, minhas aspirações e todo meu ser de dança,
música e poesia e todos meus maus hábitos mentais, emocionais que me compõe; é
aceitar minhas inseguranças enquanto mãe, esposa e trabalhadora e acolhê-las no
meu amor e inclusividade Kshanti _/\_ sabendo que possuo uma força vigorosa que
me constitui em minha essência, cultivada na minha solidão e no amor (com
todos).
Ao
atravessar estes medos e pensamentos ruins quero com isso, me libertar, e
libertar também toda minha ancestralidade e o Kauê que será nosso filho e que
aprenderá conosco. Quero que o Kauê leia isso um dia e aprenda com sua mãe e
seu pai a crer que é na fraqueza que fortalecemos nosso amor em nós mesmos e
nos outros...é admitindo nossa fragilidade e acolhendo-a com ternura e coragem
é que rompemos o “eu”, o “ego” e tocamos a interdependência, o Vazio e a
impermanência...para tocar as Jóias “Mani” no Dharma é preciso ser forte para
abraçar nossas fraquezas e ilusões.
Quero
ter um parto porque quero perder o medo e acima de tudo porque desejo estar
íntima com a beleza que me pertence na pessoinha do Kauê, passando por mim, com
muita ou pouca dor, no hospital ou em casa, quero receber meu pequeno na flor
do amor e daquilo que em mim, é mais puro, singular e iluminado, como quando
canto, danço ou faço poesia...Kauê é meu melhor poema, minha melhor
interpretação de um canto sereno, das águas e da beleza...minha melhor dança,
meu movimento mais fluido, harmonioso e poético, meu filho é a conjunção das
minhas melhores formas, conteúdos e belezas e claro que se tornam potentes
junto imprescindivelmente ao Gilson e ao que dele é mais puro, singular e
brilhante!!!
Ter
um parto também é deixar morrer o parto de minha mãe, o sofrimento (que sei que
houve) nesse momento e também deixar morrer as marcas do parto de minha avó
quando teve minha mãe...eu fazer um parto é acima de tudo um exercício de
criação e recriação que envolve colocar em outro lugar e em outro sentido estes
partos anteriores e, de certo modo, limpá-los dentro das águas de energias
claras, poderosas e reluzentes que me coabitam e que me compõem enquanto mulher
que sou e mãe que serei!
Toda
vez que vier um pensamento de tragédia com o Kauê irei visualizar a luz Búdica
e dizer Namu Amida Butsu, Aham Brahman: Sereno cultivo, Maravilhosa fruição _/\_
Ilimitada é a auréola da Libertação!
Foi dito que todos os que são tocados por Sua
Luz
Libertam-se do ser e do não-ser.
Tomai refúgio no Equânime Despertar!
As nuvens de Luz são livres como o espaço!
Não são afetadas por nenhum impedimento,
Nada deixa de receber o brilho dessa Luz.
Tomai refúgio no Inefável!
Meu
pequeno, passamos o Natal com você dentro da minha barriga e na
expectativa...aquele friozinho bom na barriga de será quando você iria chegar,
será quando a mamãe te permitiria sair pro mundo...?
Seus
avós por parte de pai chegaria em Uberlândia dia 27 à noite.
A
data calculada pela médica foi dia 26. A Dra. Silvia dizia da data improvável
pro bebê nascer.
E eu
sempre repetia “ a data improvável, é o único dia que ele não vai nascer!”
Daí
vem você, Kauê, já pra derrubar de alegria todos os argumentos e certezas da
mamãe: a data improvável coincidia com a virada da lua cheia pra minguante,
também seria o dia em que as duas médicas estariam em Uberlândia, não havia
pediatra mas as duas estariam e além disso tudo, era o dia em que os seus avós
chegariam do Sul, o que pra mim soava como uma boa ajuda, um bom auxílio nestes
primeiros dias de vida e de surpresas boas, estranhas, confusas e cheias de
amor com você.
Pensávamos
em um parto em casa, mas depois que a Dra. Silvia disse que os partos entre
Natal e ano novo haveriam de ser no hospital devido ao acúmulo de partos e às
agendas de feriados das médicas obstetras e pediatras, decidi internamente que
você chegaria mesmo no hospital. Também porque estávamos num período de
mudança, sem funcionária em casa pra ajudar e a casa soava muito grande,
ilimitada e difícil pra eu conseguir lidar e gerir a bagunça que estava. Na
minha cabeça era um trabalho enorme que eu não teria energia pra cuidar deste
preparo da nossa casa ainda em mudança. Esse é um defeito da mamãe: às vezes
ela enxerga o ilimitado, o difícil em tudo e com isso carrega uma sensação de
incapacidade tamanha é a situação, a coisa, o trabalho...
Ao
decidir pelo hospital, coloquei mais uma motivação pra isso: o exercício de que
“a nossa casa é onde a gente está”: era necessário fazer com que nosso estado
de presença e de plenitude com o presente nos desse o exato sentimento e
sentido de intimidade com o mundo e com a realidade independente do lugar.
Havíamos de estar ali com você em plena presença, em plena atenção, na entrega
a nós dois e ao seu nascimento.
Passamos
o dia 25 com seus vovôs daqui e viemos pra casa ao fim do dia. A casa estava
meio bagunçada.
O dia improvável = infecção urinária?
Dormimos
e na manhã do dia 26 quando acordei me sentia um pouco cansada, com a sensação
do corpo de quem vai gripar, meio dolorido e sentindo mais forte uma dorzinha
de aperto na bexiga que já havia sentido bem atenuada há uns 4 dias atrás.
Imaginava que essa dorzinha era por você ter virado de cabeça pra baixo e assim
sua cabecinha pressionava a bexiga da mamãe fazendo doer um pouco. Mas neste
dia estava mais forte.
Porque
meu corpo estava assim frágil e meio dolorido resolvi voltar pra cama pra
dormir um pouco mais e comentei com seu pai que achava que ia gripar porque meu
corpo doía um pouco. Nesse momento me passou pela mente: nossa, ainda bem que o
Kauê não nasce hoje se não será que eu aguentaria, com esse corpo?”
Olha
só pequeno, levantei mais tarde um pouco com as dorzinhas mais intensas e
quando fazia xixi, desde a primeira vez do dia, ardia meu canal urinário e da
segunda vez quando levantei, ardeu mais ainda. Daí, contei pro seu pai que
estava desconfiada de uma infecção urinária reunindo a dor na bexiga, a
ardência ao urinar e o corpo ruim. Só que depois de alguns minutos notei que
havia saído um pouco de sangue então resolvemos ligar pra Dra. Silvia.
Ela
estava em um trabalho de parto no hospital e ao ouvir nosso relato disse que
poderia sim ser infecção e nos sugeriu que fôssemos para o pronto-socorro que
ela iria lá me ver e colher o exame.
Nisso
já era hora do almoço e eu nem estava com fome. Seu pai disse que faria um
almoço e depois com calma iríamos pro hospital. Mas aquela dorzinha estava bem
agudinha e o aperto na bexiga incomodando e o corpo meio ruim, dolorido. Feito
o almoço seu pai almoçou praticamente sozinho pois a mamãe olhava a comida e
não tinha apetite: comi um pouquinho e me arrumei para ir pro hospital. Chegando
lá no pronto-socorro, entramos na fila, fizemos os cadastros de entrada e
ficamos esperando pela Dra. Silvia que demorou um tempinho pra chegar, uma
meia-hora. Neste meio tempo a dorzinha tinha se intensificado e a mamãe já
estava meio aturdida com a dor e tinha necessidade de se curvar quando ela
vinha, tinha vontade de fazer uma das «contrações da Marta Graham» que é uma
dançarina americana quem inventou uma dança moderna cuja a movimentação a mamãe
gosta muito! Era uma 15hrs de uma sexta-feira. Encontramos neste ínterim com a
Lili, uma colega da mamãe, no pronto-socorro em um momento que uma lágrima
escorreu dos meus olhos na hora da dorzinha que já virava dor...falei pra ela
que achava que estava com infecção urinária e que estava doendo bastante e ela
comentou que ao tomar um remédio passaria logo e que ela já havia tido também.
Passado um minuto chega, finalmente, a Dra. Silvia com a carinha mais boa e
tranquila, que beleza...Entramos para uma sala, discorria tudo pra ela quando
veio a dor e eu tive que me curvar em pé apoiada na cama através da contração
da Marta Graham. Ao me ver assim, a Dra. Silvia deu um sorriso e disse: - “ Ju,
você tem dúvidas que você está em trabalho de parto?” E eu meio surpresa mas
também concentrada naquela dor e entregue àquela condição sorri feliz por saber
que você, meu filho, estava chegando, ai que alegria, ai que euforia, ai que
delícia...disse pra Dra. Silvia:
– E olha só, hoje é dia 26, a
data improvável!!
Há
uma semana atrás ela tinha lançado que você nasceria no dia 06 de Janeiro!
Bom,
mesmo assim ela quis colher o exame e fazer o tratamento para o estreptococos
que se faz no dia do trabalho de parto: colocou um sôro no meu braço e ficamos
em uma sala junto com mais uma senhora e uma moça na maca durante uma hora mais
ou menos ali e as contrações vindo de maneira mais intensa e em intervalos
menores e o papai lindo e forte ao meu lado. As duas na maca olhavam pra mim
quando vinham as dores e diziam:
–
Menina,
mas que dor é essa né, ah você quer mesmo parto normal? Isso dói muito e
cesariana, blablá...
A
mamãe voltava da contração bem, sorria e dizia:
–
Nada!
É isso mesmo, é assim mesmo, é isso que quero!
Quando
era umas 17hrs e pouquinho a Dra. Silvia
retornou do parto que ela assistia e veio me ver. Disse que não estava
com infecção, mediu minha dilatação que já estava com 1cm. Recomendou-nos que
voltássemos pra casa, que eu tomasse um banho ficasse tranquila e descansasse e
quando fosse a hora voltaria. Ah, nossa doula Ana Paula já estava viajando e
nossa doula back-up que era a Kelly estava no trabalho de parto com a Silvia:
ou seja, estávamos sem doula! Bom também!
Quando
saímos do hospital, as contrações chegavam em ondas de 7 em 7 min. Entramos no
carro e o intervalo diminuiu para 3 min. Ao chegar em casa, entrei no chuveiro
e pronto: elas chegavam no intervalo de 1min30s! No meio do banho algo
escorregou de dentro com sangue junto.
Gilson lgou pra Silvia já meio ansioso dizendo-lhe que as contrações
estavam com esse intervalo de 1min30s e que tinha saído...o tampão! Ela nos
sugeriu que voltássemos pro hospital já de mala e cuia. Saímos apressados
achando que você, Kauezinho, nasceria ali mesmo em casa ou no trajeto para o
hospital...qual o quê, diz o Chico...com açúcar e com afeto, chegamos ao
hospital por volta de 19hrs, fomos para o quarto e o intervalo começou a
espaçar, 3 min, 4 min...sozinhos no quarto, eu e Gilson (e as comidas que o
Gilson saiu carregando de casa) fomos adentrando no “Lugar (espaço intensivo do
afecto e da absorção) do Parto”.
Partolândia
= tornar-se uma com a «dor»
Nosso
quarto foi se transformando em um campo aberto para a dimensão que aquela
circunstância nos evocava: eu já estava completamente concentrada em minha
respiração, minha inseparável e confidente parceira nessa jornada...a luz do
mundo diminuiu de um modo repentino em meu campo de visão e tudo parecia estar
em penumbra, as pessoas-sombra, as vozes-sombra: tudo em um plano de fundo numa
superfície ilimitada de névoa. Minha respiração. Inspirava e expirava com sons,
vogais e outros ruídos-música e junto das contrações, as contrações de Marta
Graham em pé e no banquinho de parto azul...
Outra
surpresa: porque sou bailarina e do movimento, sempre imaginei-me em meu
trabalho de parto em puro movimento, na bola, caminhando, alternando posições
agachadas dentre outras. Qual o quê? Queria ficar quieta, olhava pra bola e não
tinha a menor vontade de estar nela, caminhar muito menos, queria mesmo ficar
quieta fazendo sim as contrações da Marta Graham que muito me aliviavam e me
acolhiam no redondo do enrolamento que eu precisava. Ouvindo minha respiração
me entregava de forma plena e absorta neste ato de abraçar meu filhote que
estava a caminho. Estava tão concentrada na respiração que o sentimento que me
recordo ter foi de estar em uma intimidade plena com o instante, me senti uma
com a dor e ao me sentir “uma” com ela é como se a dor desaparecesse já que não
mais existiu a dicotomia, Juliana e dor e sim uma coisa só, sem nome, sem
passado ou futuro mas profundamente instalado no presente resultante da fusão,
eu, dor e você, Kauê! Que delícia...que beleza!
Ia
pro banquinho, ficava em pé, mudava de lugar, inspirava, expirava, ouvia
murmúrios de quando faziam os serviços de quarto do hospital, entrava
alguém...ficamos eu e Gilson sozinhos das 19hrs às 22 quando nasceu o outro
bebê do quarto quase ao lado e veio a Kelly primeiro e o Gilson pôde descansar
um pouco. O Gilson deu de comer pra Kelly que estava faminta vinda de outro
trabalho. Enxerguei ela entrando, achei gostoso vê-la e sentir que era mais uma
companheira que me nutria de afeto e força. Mas era quase um vulto. Tudo era
quase um vulto, em neblina. Só conseguia pensar em respirar e no Kauê, esse ser
tão amado e desconhecido que logo chegaria pra nos abraçarmos. Lembro-me de ter
ficado no banquinho por muito tempo, em contração, as da M. Graham enquanto
expirava e ajudava com as mãos na lombar. A Kelly fez uma massagem empurrando
meu sacro pra baixo na direção do movimento que me aliviava. Sentia alívio e
paz.
O
Gilson veio de novo quando a Kelly nos sugeriu de experimentarmos o chuveiro, a
ducha.
Fomos
e que desbunde! Foi maravilhoso, ficamos talvez uns 30 ou 40min. As contrações
se esparsaram e ficaram menos intensas de “dor”. Coloco dor entre aspas pois
entendo que o que sentimos no parto e que é desconfortável, dolorido seria
melhor que inventássemos outro nome pois não podemos alinhar e associar ao
mesmo nome daquilo quando machucamos, fraturamos, queimamos ou quando algo ou
alguém nos fere. O parto nos traz uma sensação forte e que é desprazeroso e
desconfortante muitas vezes e que nos prostra, nos deixa cansada, nos
impulsiona, nos alerta, nos concentra, nos chama para o essencial: e isso não
tem nome não deve ser jogado no mesmo saco daquilo que chamamos “dor” pois não
é a mesma coisa. Relaxei bastante e me revigorei de energias para o porvir. Por
volta de umas 23hrs, a Dra. Silvia entrou no banheiro, mediu minha dilatação e
perguntou: “ - Ju, quanto você acha que está de dilatação?” Pensei uns 8cm. Mas
chutei baixo pra não me decepcionar: “- Uns 7.” E ela respondeu com um sorriso
pleno: “Ju, você está com 9cm!”
Que
beleza, pensei e dei um sorriso. Vamos que vamos! Lembro-me que elas saíram da
sala, deveria ser umas 00:00hrs ou 01h da manhã quando eu estava de pé, nas
contrações e alternando com o banquinho e o Gilson me tirou pra dançar. Havia
dito pra ele que queria dançar no meu trabalho de parto (mas nem estava
lembrando). Aceitei e em silêncio dançamos com rosto grudado, respirei
tranquila e quando vi, pumba! Lá vem contração e da forte! Fui me agachando
encostada na parede e quando cheguei lá embaixo no chão vertendo a bacia pra
frente um jato com muita pressão sai de dentro de mim indo direto na barriga do
Gilson que estava agachado à minha frente: era a bolsa! Começamos a rir , depois
do susto, é a bolsa! O Gilson me disse: “ - Depois que dançamos, ele se sentiu
seguro pra sair de vez e anunciou a chegada...”. As duas (Silvia e Kelly)
estavam lá fora no computador quando o Gilson foi contar que havia estourado a
bolsa. Elas vieram e ficaram por ali. Passei mais uma hora com o mesmo tipo de
contração e intensidade quando a Silvia me sugeriu fazer movimentos com a bacia
apoiada na barra. Não tinha muita vontade porque sentia que aquele tipo de
movimento induzia as contrações e eu precisava polpar energias porque estava
esgotada. Pensei: “ - Mais dor em menos tempo? Não...Prefiro esticar o tempo de
trabalho e atenuar a dor, ter energia.” Mas mesmo assim tentei e foi exato, a
contração veio com tudo e mais um pouco e não quis continuar aquela
movimentação e disse: “- Não aguento mais.” Daí a Dra Silvia me sugeriu que
fosse pra cama. Aceitei na hora e fui: sentei-me de um jeito que deixasse a
báscula de minha bacia livre para me movimentar com fluidez. Depois disso, só
lembro que chegaram as contrações de expulsão e concentrada na respiração
segui. Veio uma contração forte que me doeu a vagina e fez um “cleq”. Se me
lembo bem, foi a primeira vez que pronunciei: “Ai, está doendo.”
E
logo passou pois perguntei o que havia acontecido e ela me respondeu: “ - É a
cabeçinha!” e eu dengosa que só: “ Ahhh a cabeçiiinhaaaa!” sorrindo. Daí passaram-se uns minutos e a Silvia me
disse: “Ju, faz um pouquinho de força, se quiser.” Aí logo na próxima contração
ajudei um pouco e pronto, estava lá meu mas novo amor, no meu colo...! Olhei
pra ele e vi um furinho no queixo, meu Deus que lindeza e esse furinho o
queixo?! E conforme desejei e planejei cantei pra ele vaŕias vezes seguidas até
me tirarem depois de uma meia hora ou 20m olhando em seus olhos:
“ Kauê,
Kauá
meu
brotinho de jasmim vai na mamãe mamar...
Kauê,
Kauá
meu
raio de sol nascente vai se deleitar!”
Viver
pra isso.
Que
gratidão eu sinto por a vida ter me dado este presente: tudo exatamente como
foi uma afirmação plena de amor, sentido e vida. Que muitas mulheres possam e
continuem a parir, a ouvir a natureza nelas pulsando de amor e vontade de se
criar!
Obrigada
vida, Buda, Deus, Jesus _/\_
Obrigada
Gilson, meu amor companheiro.
Obrigada
equipe generosa e terna: Silvia e Kelly. (Ana Paula no “antes-aquiagora”)
Nascimento
de Kauê Penna Beck
27 de
Dezembro de 2013 às 03:05 da manhã. (Hospital MadreCor)
Mãe:
Juliana Penna
Pai:
Gilson Jappe Beck
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