Era pra ser no hospital, mas surpresa: foi em casa! Viva!
Relato
da Elenyr:
GRAVIDEZ
E PRÉ-NATAL
A
história do meu parto começa quando eu decidi engravidar do Lucas, no final de
2012. Eu vinha pensando muito sobre o assunto a algum tempo e achei que já
estava na hora, apesar de eu e o Marcos não estarmos casados na época e nem
morando juntos, mas como meu maior desejo era ter um filho e eu já estava com
35 anos, resolvemos engravidar. Parei de usar o método contraceptivo em outubro
e em janeiro, quando minha menstruação atrasou, procurei minha médica (que já
me atendia a alguns anos) para fazer o teste de gravidez e iniciar o pré-natal.
Naquele momento eu já sabia que estava grávida porque já tinha feito o teste de
farmácia, e também porque no fundo eu sentia que já estava. Demorou um pouco
pra ficha cair, mas fiquei muito feliz por estar realizando meu sonho de ser
mãe.
DIABETES
GESTACIONAL ?
Ao dar
início ao pré-natal, fiz todos os exames de rotina e minha glicose deu um
resultado acima de 90 (95), então minha médica pediu que eu fizesse o teste de
diabetes, já no início da gestação. Eu fiz o exame e uma das taxas continuou
alta (a de 120 minutos), tendo ela me recomendado que fizesse dieta de açúcar,
ou seja, eu seguiria como se estivesse com diabetes gestacional. Eu não me
importei muito com isso, mas procurei fazer a dieta.
Continuei
meu pré-natal com esta médica, e de vez em quando eu perguntava sobre o parto,
mas ela não falava nada, nem dava muito papo para o assunto.
“TEM
QUE FAZER CESÁREA PORQUE O BEBÊ NÃO ESTÁ ENCAIXADO COM 30 SEMANAS!”
Em uma
das consultas eu falei que queria o parto normal e ela falou que o bebê não
estava encaixado (por volta de 30 semanas) e ainda falou pra mim se eu iria
aguentar, e eu respondi que queria pelo menos tentar.
NUNCA
TINHA OUVIDO FALAR DE DOULA
Quando
já estava com quase 32 semanas conversando com uma colega de faculdade ela me
falou de sua cunhada que já estava na terceira gestação e tinha feito dois
partos humanizados e estava esperando o terceiro. Adicionei ela no facebook e
ela me passou alguns sites, textos, vídeos sobre o assunto, que até então eu só
já tinha ouvido falar. Me passou também o nome de sua médica obstetra e alguns
nomes de doula. Sobre a doula eu não sabia nada, nem tinha ouvido falar. A partir daquele momento eu comecei a me
interessar pelo parto humanizado, porque apesar de querer o parto normal, não
tinha sequer pensado no parto humanizado.
DESCOBRI
UMA MÉDICA HUMANIZADA
Pesquisando
na internet, descobri a Dra. Sílvia Helena Caires, liguei e marquei uma
consulta para saber mais sobre o parto humanizado. Ela me explicou o que é o
parto humanizado e eu tirei algumas dúvidas. A consulta foi bem diferente das
minhas de pré-natal e eu simpatizei com ela. Achei interessante que de cara ela
perguntou o nome do meu filho, o que a outra médica não tinha feito até então.
Repeti o teste de diabetes gestacional a pedido dela, e dessa vez, todas as
taxas deram normais, para alívio meu e da dra. Sílvia. Apesar de já estar
bastante tentada ao parto humanizado, não abandonei a minha outra médica, ainda
não tinha certeza do que iria fazer. Continuei indo nas duas até 35 para 36
semanas. Na minha última consulta com a médica do pré-natal ela me perguntou a
respeito do parto, o que eu queria fazer, e eu respondi que queria parto
normal, que faria cesárea só se fosse realmente necessário. Ela concordou, mas
não me passou muita segurança, disse pra mim: “vamos
ver se você vai aguentar”.
Eu
ainda estava meio insegura, mas acabei desistindo dela e parei de ir às
consultas, tinha até uma marcada, e eu me esqueci de ir, talvez meu
inconsciente já havia decidido por mim. Então resolvi que seria mesmo com a
Dra. Sílvia. Meu marido, a princípio, não concordou muito, mas eu ia tentar
mesmo assim, no fim ele acabou concordando. Nas últimas consultas já havia dado
pra ver que o Lucas estava encaixado e estava tudo caminhando para o parto
normal.
COMEÇOU
NA MADRUGADA
Na
madrugada do dia 19.09, quando eu estava com 39 semanas e dois dias eu acordei
por volta das duas e meia da manhã com uma leve cólica. Fui ao banheiro fazer
xixi e notei um pequeno sangramento. Então eu pensei: será que está na hora do
meu filho nascer? E estava. As dores foram aumentando de intensidade, eram as
contrações. Foram ficando cada vez mais fortes e próximas umas das outras. Logo
que começaram as contrações mandei mensagem para a Kelly (doula) e ela me orientou
que tentasse repousar ao máximo, mas naquela altura do campeonato eu não
conseguia dormir, fiquei deitada e às cinco da manhã levantei, não estava mais
aguentando ficar na cama. Levantei, tomei banho e as contrações cada vez mais
fortes. Naquele momento acho que o tampão tinha rompido porque o sangramento
tinha aumentado. Mandei outra mensagem para a Kelly e para a Dra. Sílvia, que
me disse para ficar embaixo do chuveiro e tentar relaxar, em vão, nada me fazia
relaxar mais.
NÃO DEU
VONTADE DE IR PARA O HOSPITAL
Por
volta das sete da manhã a Dra. Sílvia chegou. Eu já estava muito cansada e as
dores cada vez mais fortes. Ela ouviu os batimentos cardíacos do Lucas e fez
exame de toque. Me disse que eu estava com 8 cm de dilatação e me perguntou se
eu já queria ir pro hospital, mas eu estava tão cansada que não sentia vontade
de ir. Nessa hora senti uma contração muito forte e um barulho de balão
estourando, era a bolsa que se rompia, por volta das 7:40h. A Dra. Sílvia saiu
e ligou no hospital, voltou dizendo que não tinha quarto. Então me perguntou o
que queria fazer, eu disse que não conseguia ir pro hospital e que se não
tivesse problema eu preferia ficar em casa mesmo. Então resolvemos ficar. Eu
estava tão cansada que nem estava vendo direito o que estava acontecendo, nem
vi direito a Kelly chegar e só depois fiquei sabendo que a Dra. Luanda também
tinha vindo para prestar o primeiro atendimento ao Lucas.
MEDO DE
FAZER FORÇA
Depois
do rompimento da bolsa parece que as contrações ficaram menos doídas, mas o que
mais incomodava era a vontade de fazer cocô. Eu ficava com medo de fazer força,
quando a vontade vinha. Isso atrasou um pouco a chegada do Lucas. Fiquei embaixo do chuveiro no banquinho, com
o Marcos me segurando, mas lá não estava tão confortável, voltamos pro quarto,
eu deitei na cama, mas também não estava muito confortável, sem contar que deitada
eu não conseguia fazer muita força. A Dra. Sílvia então sugeriu que eu voltasse
pro banquinho. Forrou o chão e o colocou, eu sentei de novo, com o Marcos me
segurando. Naquele momento eu pensei: só depende mim pro Lucas chegar, eu tenho
que fazer força. E foi o que eu fiz.
EU PEDI
PRA ELE VIR E ELE VEIO
Comecei
a fazer força e ele começou a sair. Me concentrei mais um pouco e pedi pra ele
vir e ele veio. Senti a bola de fogo, era a cabeça dele que estava coroando.
Fiz mais força e saiu o corpo. Só vi quando ele escorregou e a Dra. Sílvia o
pegou e colocou no meu colo. Era pouco antes das dez quando meu filho nasceu, a maior emoção que já vivi: poder passar pela experiência do parto natural. Ele
nasceu saudável e teve apgar 9 e 10.
Hoje,
duas semanas depois, escrevendo, me bate saudade daquele dia, daquele momento
mágico. Foi tudo perfeito. Nem
se eu tivesse planejado um parto domiciliar teria sido tão perfeito. Agradeço a
Deus por ter me dado a graça de vivenciar um momento tão especial. Agradeço
também a todas as pessoas envolvidas, especialmente meu marido, que não saiu de
perto de mim e que participou ativamente do nascimento do nosso filho. Esta é a
história do nascimento do Lucas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário